Do you want to learn English?
Michael Jacobs em "Como não aprender inglês"
Existe uma enorme diferença em querer, precisar e gostaria de falar inglês.
Quando eu trabalhava numa indústria farmacêutica, contratei um jovem engenheiro, que provou ser muito inteligente e capaz, mas não falava inglês. Naquele tempo, isso não chegava a ser uma falha em seu currículo profissional para o cargo disponível. Hoje seria.
Certo dia estávamos em minha sala quando atendi a um telefonema
internacional. Durante alguns minutos, enquanto eu falava em inglês, ele prestava muita atenção. Assim que desliguei, comentou que havia entendido um pouco do que eu falava, mas não muito. “Eu preciso aprender inglês”, disse, determinadamente.
“Ótimo. Mas será que você quer aprender? Ou apenas precisa? Ou simplesmente gostaria?”, indaguei. Perplexo, ainda sem saber a diferença entre as três atitudes, ele arriscou dizer “eu quero aprender”.
Pois bem, eu quis saber qual era o seu vocabulário, ou seja, quantas palavras ele conhecia em inglês até aquele momento. Ele não soube responder. Pedi uma ordem de grandeza. Cinqüenta, cem, duzentas, quinhentas, mil, cinco mil palavras?
“Acho que umas duzentas”, disse. Em seguida, perguntei sua idade, embora já soubesse que ele tinha 27 anos, para poder apresentar-lhe alguns cálculos.
Vamos supor que você conheça 210 palavras e que sua idade seja 30 anos.
210 palavras = 7 palavras/ano
30 anos
Era essa a situação do jovem engenheiro, então não pude deixar de desafiá-lo. “Parabéns. Você disse que quer aprender inglês e até hoje aprendeu sete palavras por ano, apenas.” Ele abaixou a cabeça e murmurou: “Pô.”
Muitas pessoas vivem dizendo que querem aprender inglês, quando apenas precisam dele para uma situação específica, ou simplesmente gostariam de falar esse idioma, por qualquer razão, mas na realidade não querem aprender. Pois quem realmente quer, faz.
“È, você tem razão, tem diferença”, admitiu o recém-contratado engenheiro. Então contei a ele como aprendi a falar português e fiz algumas recomendações.
Quando cheguei ao Brasil, em 1967, desembarquei de um navio no Porto de Santos com o vasto vocabulário de cinco palavras. “Bom dia, cinzeiro por favor.” O mínimo que um fumante precisaria durante uma viagem de 16 dias de Londres até aqui.
Fui ampliando lentamente meu vocabulário de português e adotei o hábito de folhear o dicionário todos os dias e selecionar quaisquer dez palavras aleatoriamente. Anotava-as num papelzinho e carregava-as comigo durante todo o dia, tentando usa-las em todas as oportunidades.
“É uma boa idéia. Acho que vou fazer o mesmo com as palavras em inglês”, disse o meu companheiro. Mas, como ele trabalhava em média dez horas por dia, a família estava crescendo, fui generoso e sugeri que gravasse apenas cinco palavras por dia. Já seriam mais ou menos 1500 ao ano.
Esse episódio ocorreu pela manhã. À tarde, fui até sua sala e falamos sobre o trabalho realizado naquele dia, as decisões tomadas, Por fim, sobre a lista de palavras. “Nem tive tempo”, argumentou.
No dia seguinte, no final da tarde, conversamos novamente e repetimos o mesmo diálogo. E no terceiro dia, novamente. Só que, antes da minha pergunta final, ele se adiantou: “pode falar o que quiser, mas não tive tempo.” Rimos bastante, afinal eu não estava ali na condição de instrutor e não tinha qualquer comprometimento com o seu aprendizado.
Moral da história? Vamos reconhecer os três tipos de atitudes referentes ao aprendizado do inglês. Existem pessoas que:
- gostariam
- precisam
- e querem aprender inglês.
É óbvio que todos nós gostaríamos de aprender uma ou mais línguas. Eu, por exemplo, gostaria muito de falar francês e italiano, considero esses idiomas lindíssimos, mas não movo uma palha sequer para estudá-los.
A maioria das pessoas que procuram uma escola ou um professor de inglês precisa deles por algum motivo. Hoje, a maioria dos meus alunos é composta por executivos já convencidos da importância do inglês no mundo dos negócios.
Mas enquanto eles não desenvolvem o querer, não progridem.
Improving vocabulary
Muitos cursos não atingem os resultados esperados porque os vocabulário do aluno é limitado demais para certas tarefas e o instrutor gasta boa parte da aula tentando alimentar o vocabulário a conta-gotas.
Com exceção de uma ou outra palavra realmente nova, cabe ao aluno se auto-alimentar com leitura e mais leitura. È muito gostoso compreender o conteúdo de um texto. Um livro adequado, daqueles elaborados para seu nível, proporcionará muitas palavras novas a um custo bem inferior ao da hora/aula.
Em sala de aula não sou, e nem pretendo ser, um dicionário ambulante. Adoro explicar o significado de palavras, mas resisto, para aproveitar o tempo disponível da melhor maneira.
Extraído do livro COMO NÃO APRENDER INGLÊS – Michael A. Jacobs
Mais dicas (Texto de Adriana Cunha)
• Turmas cheias são prosperidade ao dono da escola; peça uma aula demonstrativa, caso escolha uma escola de idiomas. Um número razoável de alunos em sala de aula é de apenas 6. Tenho visto escolas de nome e sobrenome, colocarem 25 alunos em aula, sem nem mesmo ter espaço físico para o conforto deles. Inglês não é matemática, que uma fórmula no quadro faz todos chegarem à mesma conclusão. Esteja certo de que o professor ouve o que você diz, corrige sua pronúncia, está atento a tudo e de que você tem tempo, durante a aula, de falar de você, de contar suas experiências, em inglês.
• Estar exposto ao idioma é a maneira mais rápida e eficaz de aprendê-lo melhor. Esteja atento a tudo que o cerca. Se você reparar, estamos cercados de palavras em inglês no nosso dia-a-dia. Tal fato torna mais fácil aprender inglês do que alemão, russo, por exemplo.
• Ouça músicas, assista a filmes, seriados. Porém, quanto aos filmes e seriados, escolha aqueles aos quais você já assistiu. Você estará “vacinando-se” daquela terrível expectativa:” Será que vou entender o fim do filme?” Já passei por isso, quando iniciante no idioma e é frustrante. Assim,escolha aquele filme cujas falas você até já conhece. Você pode iniciar com legendas em português, depois, mude para o inglês. Não precisa assistir ao filme todo. Escolha seus trechos prediletos.
Existe um site que contém apenas vídeos curtos, legendados, com os mais variados temas. Acesse: www.yappr.com. Infelizmente não é mais gratuito, mas o valor cobrado é anual e vale a pena. É um site eficiente, classificado por níveis diferentes de dificuldade.
• Tenha um pen-friend, ou atualmente, um e-pal(electronic friend). É um amigo cuja língua nativa precisa ser o idioma que você está aprendendo. Com sorte, você encontra até um americano ou um inglês que está querendo aprender português. Ele vai ter interesse em ajudar você, corrigir seus e-mails e “trocar figurinhas” com você. E mesmo que não haja interesse mútuo, há pessoas no site bastante interessadas em ajudar você. Tenha certeza. O site também é gratuito.
Para acessar um bate-papo em inglês, acesse:
www.sharedtalk.com
O site acima é específico para o aprendizado de idiomas. Você encontrará pessoas do mundo todo, aprendendo as mais diversas línguas do mundo.
• Hoje em dia até em banca de revista, encontramos revistas só em inglês que acompanham CD, DVDs com lições de inglês. Sempre adquira aqueles produtos que não vêm com tradução.
• Por que não traduzir? Quando você aprendeu o português, você relacionava o que aprendia com outro idioma? Claro que não...você apenas aceitava, repetia, assimilava e um dia estava falando aquilo que seus pais lhe ensinaram. Aprender uma nova língua é a mesma coisa. Aceite-a. A criança aprende vários idiomas mais rápido porque não questiona; aceita a língua e pronto. Esteja aberto a novas palavras, novas maneiras de pensar. A leitura, os filmes, as músicas e o e-pal muito o ajudarão a começar a pensar em inglês. Com tanto treino, um dia, você estará falando, sem pensar, aquela frase que você achava difícil a princípio.
• Demora para eu começar a falar? Primeiro: seu professor usa o método comunicativo? Quer dizer, ele tenta sempre utilizar o inglês em sala de aula?Se a resposta foi SIM, ótimo. Você precisa estudar e ter paciência. Mais uma vez, quando você era criança, tenho certeza que passou pelo menos um ano só ouvindo seus familiares falarem com você. Você entendia tudo...sorria, fazia gestos...apenas não falava. Você acha que a princípio, por não falar, não estava assimilando nada? Engano seu. Um dia, depois de uns 12 meses, lá estavam seus pais felizes com a primeira palavra que você disse. Meio mal-pronunciada, claro...de um jeito bonitinho...mas você se comunicou. E tudo isso, aceitando tudo que lhe ensinavam. Ou será que você discutia com seus pais? Não, mamãe, isso não é “chupeta”, é “apito”!!! Ou será que você dizia: “Mãe, como se fala isso em “português”? Claro que não, pois você não tinha referência alguma de outro idioma. Apenas aceitava, repetia e aprendia. Um dia veio o resultado de tanto aprendizado e você se tornou fluente.
• Você deve estar pensando: “Então vou levar um tempão para ficar fluente...até hoje não sei o português direito!” Só depende de você. Acelere o processo, multiplique aquela uma hora de aula por muitas outras, em sua casa mesmo. Cerque-se de inglês. Quinze minutos por dia são mais eficientes do que 4 ou 6 horas em um dia só. Nossa memória precisa de tempo. O aprendizado é um processo e aprender com os erros são um grande passo para o sucesso.
Às vezes os alunos me procuram querendo aulas todos os dias. Excelente para minha conta bancária. Mas, como não tenho a pretensão de enganar, muito menos de enriquecer, sempre pergunto: “Você vai ter tempo de fazer lição, ouvir o CD do livro, estudar?” Caso o aluno diga NÃO, prontamente o desestimulo a fazer aula todos os dias. Nesse caso, não será produtivo, apenas rentável para o professor, se é que me entende!
• Existem livros de leitura para cada nível de aprendizado. Leia. Com relação à leitura, é importante escolher um livro abaixo do seu atual nível de inglês. A leitura deve ser feita com prazer e não com um dicionário do lado. Em cinco minutos, de tanto procurar palavras, você perde o fio da meada e joga o livro longe...Claro, leitura não tem nada a ver com chatice. A propósito, quando você lê alguns artigos mais difíceis da Revista Veja, você pára para olhar no dicionário a nova palavra que leu? Certamente não. Você lê a matéria até o fim e extrai dela a essência, a mensagem. Assim também acontece em inglês. Não queira saber palavra por palavra. Deixe a tradução para os incansáveis tradutores!
• Não entende o que aquele seu cantor favorito canta em inglês? Só pegando a letra? Natural. Você já ouviu a Ivete Sangalo cantar “Arerê”? O que ela diz no refrão? Você entendeu de imediato assim que ouviu a música pela primeira vez? Eu juro que não entendo bem até hoje, pois não li a letra.
• Se você está no nível básico, não se torture com a CNN. Quando criança, você assistia ao Jornal Nacional? Ou a programas para a sua idade? E para ser sincera, eles falam mais devagar no Jornal Nacional do que na CNN. Vá devagar. Quer um canal a cabo? Escolha o de seriados. Lá você vai encontrar diálogos do dia-a-dia e assuntos familiares. Não vai ser nada sobre a política afeganistã, os conflitos na Faixa de Gaza, a economia mundial e os déficits públicos...sobre os quais não entendo quase nada nem em português. De novo, vá com calma!
• Descubra qual seu melhor meio de estudar. Você tem memória fotográfica? Aprende melhor lendo, escrevendo, falando em voz alta? Após descobrir, tire vantagem disso.
• Aceite o idioma, aceite a cultura. Muitas expressões não vão fazer o mínimo sentido para você. Mas pense o quanto sofre um estrangeiro ao aprender a nossa língua. Já lecionei para alguns, e um alemão, por exemplo, sofria muito com nossos verbos e não se conformava muito com algumas coisas que falamos. Fazer o quê? É nossa cultura. Não é possível separar a língua do seu povo e, por isso, a língua está em constante evolução. Quantas palavras novas surgiram de 15 anos para cá, devido ao avanço tecnológico? Muitas outras surgirão. Quando comecei a dar aulas, em 1991, nem imaginaria ter que dizer “navegar na internet”, “mandar um e-mail”, “fazer um upgrade e um download”.Acho que teria pirado.
• Cursos no exterior ajudam, mas é bom você ir pelo menos com o básico; isso lhe evitará sofrimento e situações embaraçosas. O investimento é alto e requer aproveitamento total.
• Então, siga as dicas e sucesso com seu aprendizado. Lembre-se: seu professor tem muita responsabilidade, mas você tem o poder de busca, atitude, vontade de aprender e dedicar-se. Propaganda enganosa é aquela: “aprenda inglês em 3 meses”. Se eu até hoje aprendo demais, devo ser muito burrinha!!! Tantos anos de estudo e eu poderia ter aprendido em 3 meses!!! Alguém me enganou, ou estão querendo enganar você?
Adriana Cunha
Professora de Inglês
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