Pode parecer estranho o título deste post, porém ainda há pessoas que fazem esta pergunta. As respostas são mais do que óbvias. Afinal, a língua inglesa é hoje considerada língua franca, ou seja, é a língua mais usada para acordos comerciais, viagens, internet, livros, revistas e mais uma infinidade de coisas.
Temos também o fato de que nosso país, o Brasil, pretende ser país líder na América Latina e no mundo. Tem intenções de organizar e sediar eventos internacionais de grande porte [Copa do Mundo e Olimpíadas, por exemplo]. Aspira posições de destaque junto à ONU. Desta forma falar inglês nestes momentos é garantia de grana extra, melhor oportunidade de emprego, promoção no trabalho, melhores articulações, mais networking, etc.
Para aqueles que desejam alcançar o título de doutor em alguma ciência saber inglês é indispensável. Afinal, é a língua na qual a maior parte dos livros e artigos científicos são publicados. Sem contar que a tese terá muito mais leitores se for redigida em inglês. Logo, o impacto e amplitude do trabalho chegará mais longe.
Nos três parágrafos acima eu apenas chovi no molhado. Simplesmente disse aquilo que todo mundo está mais do que careca de saber. A importância do inglês hoje todo mundo já sabe. No entanto, o problema é que muita gente não sabe para que lado ir. Há no Brasil inúmeras escolas e métodos de ensino. Cada uma se diz melhor que a outra. O Governo não possui uma política pública de ensino de língua inglesa. Assim, quem quer realmente aprender inglês em uma escola particular de idiomas muitas vezes fica a ver navios. Já no ensino público fica sempre a ver navios.
Na minha humilde opinião, o que as pessoas precisam é de algo inovador. É preciso uma escola com métodos [se é que ainda existe isto na era do pós-método] baseados em abordagens de ensino reconhecidas pela maioria dos linguistas e profissionais da área de ensino de língua inglesa. Infelizmente, no Brasil a maioria dos métodos de ensino são ultrapassados [continuam com a fórmula Gramática Normativa + Palavras Isoladas] e demorados [desconfie de cursos de inglês que duram mais de 3 anos; desconfie ainda mais daqueles que duram apenas 1 ano com duas aulas na semana].
No Brasil, em se tratando de ensino, perdura a ideia do 'não se mexe em time que está ganhando'. No entanto, a pergunta que sempre faço é: 'Quem está ganhando? Os donos de escolas ou os alunos?'. Creio que não preciso responder a esta pergunta.
No ensino público o problema não a ganância. No ensino público o real problema é a ineficiência do ensino da língua inglesa. O Governo não possui uma série de princípios sobre o qual se guiar [há os PCNs, mas...]. Se o ensino de inglês fosse levado a sério pelo Poder Público poderíamos estabelecer metas para o final do Ensino Médio [o aluno sairá da escola com nível equivalente ao FCE da Cambridge, por exemplo]. Porém, isto, no momento, é uma mera ilusão de profissionais de ensino de inglês.
Para o Governo também perdura a tese do 'não se mexe em time que está ganhando'. Ou seja, eles ganham por não terem de se mexer; a população que não tem condições de pagar um curso de inglês perde por não poder se comunicar através da língua do mundo. Consequentemente, o povo perde grandes oportunidades de carreira profissional, acadêmica e vida pessoal.
Diante do quadro entristecedor, entram em cena os tubarões do ensino da língua inglesa [a maioria dos franqueadores e muitos donos de franquia] ansiosos por ganhar dinheiro. Barateiam [prostituem, usando as palavras de uma amiga] o custo de seus cursos para poder atingir até a classe Z da população. No entanto, qualidade de ensino é algo com o qual menos se preocupam. O objetivo principal da maioria é vender livros e mais livros de suas franquias. Os franqueados muitas vezes se metem em enrrascadas pois as franqueadoras querem o dinheiro [royalties, venda de livros, taxa de propaganda, etc].
Já a qualidade de ensino é algo com o qual a maioria dos franqueadores menos se preocupam. A prova disto é que não capacitam seus professores de acordo [nem exigem isto], não estabelecem certas regras para contratação de professores [falou inglês está contratado], não se preocupam com os principais pressupostos teóricos do ensino de línguas [cite nomes de autores renomados e suas teorias e eles não farão ideia de quem são].
Para encerrar, volto a perguntar: por que aprender inglês no Brasil? Há duas respostas: [1] para engordar os cofres de alguns; e, [2] para ajudar a manter a ilusão do governo que diz ensinar inglês à população. Os maiores prejudicados? Adivinhe só quem são os prejudicados! Não preciso responder, preciso?
[© 2009 by Denilso de Lima]
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